Diálogo com o poeta

Joka Faria


3 de maio de 2025 – Outono

Dedicado a meu avô, João Caetano


Aí, Manoel de Barros,
como tu verias
a Pedra do Baú?
Suas trilhas,
a cansativa e prazerosa caminhada,
sentindo-se dentro
da serra que chora —
a Mantiqueira.

Como descreveria
as árvores,
as folhas,
as poucas águas da trilha
e a humanidade sempre presente
com seu tagarelar?

Eu andava sozinho.

Como explicaria
o nome Ana Chata,
e refratária a caverna,
e o medo
de atravessar as grades?

Meu caro Manoel,
tudo ali
é êxtase,
cansaço
e paixão.
A Pedra do Baú —
é onde vive
o gigante adormecido?

Tão falado por meu avô
numa viagem num Fusca,
de retorno de Paraisópolis,
onde ele contou a história
do gigante adormecido,
como se o visse
ali, à beira da estrada,
no silêncio da serra.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog