Canção à Hora dos Assassinos
Joka Faria
7 de março de 2025. Após um diálogo com Edu Planchez.
Cicatrizes dilaceram almas.
Sempre o porvir.
Augusto dos Anjos deu mole num poema.
Quando saírem do abismo,
me liguem—o inferno é aqui.
Nós somos as bruxas,
caçadas e queimadas vivas.
Liberdade é ingratidão.
Anjos carecem de sonhos atordoados.
Acendi e apaguei as luzes na madrugada.
Os assassinos estão livres.
Vamos salvar a liberdade,
esta que os fascistas odeiam.
Alguém bradava ao norte dos fascistas
nas escadarias do Teatro Municipal.
E aquele homem estranho
gritava LIBERDADE
enquanto
a drag dançava ciranda com Piva.
Na madrugada pós-orgia no teatro,
foram expulsos pelos vigilantes da velha moral.
Onde anda Baco Dionísio?
Em quintais de ócio,
entre livros—
milhares de livros
que não foram queimados pelos fascistas.
Demônio no coração de Brasília.
Democracia é um estado de espírito.
Democracia é conquista diária.
Henry Miller dança ciranda
como fantasma
no Museu da Língua Portuguesa.
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