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A solidariedade é algo humano

Joka Faria

Há escrita por ofício ou por paixão?
Dias e dias sem esse prazer, que faz de nossa mortalidade algo em busca de um sentido — para o que não tem explicação. Eu nunca tive ideias materialistas. Eu, ateu, seria uma loucura. Buscamos nossas explicações dentro de nós e fora. Quem nós somos? Ou somos uma multiplicidade?

Eu estava assistindo à série do Cazuza no Globoplay e, realmente, o tempo não para. Nunca iremos parar esse senhor chamado Tempo. Estamos sempre caminhando para uma finitude, nisso que chamamos de vida. E escrever, ler, fazer vídeos, ouvir música, ver séries e até estudar preenchem nosso vazio. Às vezes me dedico a não fazer absolutamente nada nas tardes em que não trabalho. Tenho um amigo que escreve e fala desse tema. E eu também.

Abrir um teclado e escrever é um prazer. Há muito tempo usava cadernos. Afinal, quem realmente somos? Digo que somos humanos, bem longe dessa classificação macho e fêmea. Eu sou humano. O resto são imposições culturais para a humanidade se manter aqui.

Eu gosto das misturas de roupas. Nunca me ative muito aos códigos. Na medida do possível, os sigo por mera sobrevivência. Tem dias em que dá vontade de vestir uma saia e sair por aí. Mas a porrada é grande em nossa classe social meio periférica. Precisamos de trabalho para viver. Não gosto da palavra sobreviver. Podemos ser felizes em nossas dificuldades. Eu sei na pele e no chicote o que é ficar sem emprego, sem profissão.

Imagine o povo LGBT, que enfrenta sem máscara este mundo selvagem e violento. Como vemos aumentar a violência contra as mulheres — chamam de feminicídios. Imagine o público LGBT. Não me identifico com essa linha identitária: temos que batalhar melhorias para todos.

A árdua luta política é fundamental. Aos 18 anos, me filiei a um partido político e já procurava ONGs ambientais. Encontrei meus pares nos movimentos sociais e culturais. E hoje vemos tentarem calar a voz do padre Júlio Lancelotti pela estrutura de sua igreja. Como ficarão esse povo que a sociedade se esforça para excluir?

O trabalho dele salta aos olhos. Ele, sim, deveria ganhar o reconhecimento da humanidade com um Prêmio Nobel da Paz.

Nós estamos aqui. Eu já ajudei a criar uma ONG, mas me afastei, e ela está aí até a atualidade. Contingências do que chamam sobreviver. Não tenho toda essa facilidade para me colocar no mercado de trabalho. Há anos sou professor, e esta profissão é encantadora, mesmo com suas dificuldades quase sem solução. As pessoas perdem a importância das lutas coletivas em nome de sobreviver, mas esquecem das brechas de viver.

Abraços,

João Carlos Faria
16 de dezembro de 2025 — primavera, quase verão
Terça-feira

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