Como escrever sem inspiração?

Joka Faria

Eu estou absolutamente sem inspiração. Acho até estranho: as ideias passam
pela minha cabeça. Acho que estou com paranoia. Vou quebrar a tornozeleira.
Vou xingar jornalistas... Como pode um cara desses ter seguidores?
O que essa extrema direita traz de bom para o Brasil e para o mundo?
Eu os chamo de extrema pobreza humana.

Estou ouvindo minha cantora favorita de rua na Irlanda, Allie Sherlock, mas
a carreira dela felizmente está decolando. Nossa vida hoje se faz nas redes
sociais e nas ruas. Hoje pedalei por São José dos Campos: ver a cidade em duas
rodas é um prazer. Voltei a pedalar durante a pandemia, utilizando a Via Cambuí.
Achei que iria me aventurar pelas estradas. Mas sem destino?
Deixa para aquele belo casal do Mundo Sem Fim...

Estive em Campos do Jordão no início do feriado. Não sei se viajar é perigoso,
mas é necessário. Voltei com um delírio de empreender. Na cabeça, ficamos ricos
como aquele maluco do Banco Master, que prejudicou com seu delírio de grandeza
milhões. Sonhar com utopias é algo maravilhoso. Esta semana, Lula aprovou uma
lei vetando a linguagem neutra em documentos oficiais, deixando os identitários
frustrados.

Mas língua é viva. Adoro a língua dos manos e minas. Descobri o rap acústico.
Eu deveria compor e tocar: rap e funk são linguagens da atualidade, assim como
a Bossa Nova e a velha MPB. Vanguardas? Revoluções? Utopias na maturidade?

Imagine eu vendendo chocolates.
Amei Campos do Jordão... mas onde eu estava não se viam montanhas como em
São Francisco ou São Bento. No centro do Capivari.
Mas devem existir trilhas maravilhosas de bicicleta. Quem sabe um dia eu tenha
a oportunidade de morar num lugar assim.

Mas a vida real é um desafio. Brinquei com a IA e fiz o bardo inglês
a partir de um ensaio de fotos minhas. Como usar a IA para fazer arte
dentro de uma nova ética?
Gerar negócios... Como deve ser interessante andar no Capivari usando saias,
quebrando as regras?
Já usei vestido indiano em Paraty...

Mas o tempo para nossas travessuras está escasso. Não mudamos o mundo,
mas vivemos tentando — ao menos em nossa escrita e arte.
O que fazer além de escrever crônicas num domingo?

João Carlos Faria
Novembro de 2025, Primavera

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