Uma canção que vira filme... em minha imaginação
Joka Faria
Uma música que retrata a vida de qualquer brasileiro dos seus interiores é “Romaria”, de Renato Teixeira — mesmo para aqueles que já não comungam da fé cristã.
Acabo de ouvir os netos de Elis Regina cantarem essa canção no TikTok. Que emoção! Imaginem um roteiro de longa-metragem inspirado nela.
Eu, que sou cronista e às vezes volto a escrever poemas que mal chegam a ser lidos, fico a pensar na arte de criar roteiros. Vi diversas músicas em um concurso de professores do governo federal que retratavam a realidade brasileira atual. Mas Romaria tem uma beleza que nos encanta profundamente.
A primeira vez que a ouvi foi na infância, na década de setenta — numa madrugada. Fico imaginando como deve ser o processo de criação de músicas assim. Renato Teixeira, que já trabalhou com marketing, traz em sua obra uma sensibilidade humana indiscutível.
Eu vivo a criar, mas nem sempre sei sobre o que escrevo, nem se minhas palavras marcam alguém — se é que marcam. Escrever, para mim, é algo que vem de dentro. Nenhuma máquina fará isso por mim. Uso as inteligências artificiais apenas para revisar, mas aqui experimento escrever sem revisores.
Um roteiro? Não sei se chegaria a essa arte, que é resultado de inúmeras mãos e olhares. Fico com a minha escrita. Já escrevi várias vezes sobre a necessidade de canções como essa ganharem a telinha — agora que vivemos na era do streaming. Retratar Romaria com arte e paixão seria um prazer de ver.
Estou revendo A Grande Família no Globoplay e quero, um dia, conhecer os bairros do subúrbio carioca. A arte inspira a vida. Ela nos dá vontade de visitar cidades como Amsterdã, Paris, Nova Iorque, que estão nos livros que lemos — assim como a Minas Gerais de Grande Sertão: Veredas.
A leitura nos dá uma visão romântica da vida, mas às vezes também sua crueza — como em Bukowski. Quero encerrar minhas noites lendo livros digitais, longe das redes sociais.
Mas foram os netos de Elis Regina, cantando Romaria no TikTok, que me inspiraram a escrever estas linhas — num velho teclado.
João Carlos Faria
Últimos dias de outubro de 2025, Primavera.
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