O silêncio no ocaso

Joka Faria

O silêncio. Este silêncio desde sempre. Quase sempre. Antes éramos conectados. Mas agora aqui estamos, quase como bárbaros. A civilização que conhecemos não existe mais. Há uma luta para conseguir sinais de rádio. A internet às vezes sim, às vezes não. As IAs quase desapareceram. As cidades foram abandonadas. Não é mais como no século XXI. A humanidade quase desapareceu. As cidades se esvaziaram. Plantamos e colhemos. Homens e mulheres já não se distinguem em visuais. Que preço pagamos por deixar a extrema-direita se fortalecer. Hoje vivemos em pequenas vilas agroecológicas. O dinheiro desapareceu após o colapso. Tudo é troca. Não existem mais Estados-nações. As grandes empresas se esforçaram para sucumbir às democracias e, uma a uma, caíram. Nasceu uma pequena resistência democrática. Inúmeras guerras, fome, medo. Foram tomados inúmeros condomínios antigos. Os países desapareceram. As religiões sucumbiram após se tornarem fundamentalistas. Restaram as velhas ideologias anárquicas. Temos pequenas oficinas, lugares em que se recuperam velhos filmes. E não se contam mais os dias, e sim os ciclos da lua.

— João Carlos Faria
17 de agosto de 2025, domingo



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