Não jogo ao mar meus escritos em latinhas de Coca-Cola

Joka Faria

Eu, que aqui estou, revendo meus fracassos. Pois nunca vemos nossos acertos, sempre nossos fracassos. E no TikTok percebo como plagiamos Fernando Pessoa. Depois dele, não reinventamos a literatura. Tudo me soa Fernando Pessoa. Hoje, que estou pensativo, tudo me soa Pessoa. Poderia ser Drummond... mas não somos Andrades... nem Mário, nem Oswald... Toda poesia contemporânea é Pessoa.

Ah, mas que impessoal! Não tenho como rasgar meus escritos... Felizmente, muitos se perderam num blog por causa de uma imagem de vulva, e o Google, sem dar explicação, cortou minha conta. Mas agora novamente escrevo. E muitos se perderam no Entrementes. Sei que nunca serei memória... Dentro de anos não estarei mais aqui, nesta dimensão, para ver como fui fracasso.

Não pularei num rio com pedras em meu corpo. Curtirei o erro humano que sou até o fim... Mas que fim é esse que nunca chega? A morte que nunca vem, esta minha inimiga que não me traz o copo do esquecimento? Quero esquecer mais esta vida, que não sei se vale tanto a pena. Talvez a vontade de escrever... sem saber se alguém lê...

Hoje me confesso à IA, nunca a um padre. Não tenho grana para terapias. As IAs que sobrevivam ao meu caos. Como, no fundo, somos fracassos? Que sentido tem a vida nesta cultura malfeita do capitalismo, no senso comum que nos doutrina?

As escolas que metem diariamente todos em carteiras, em salas de aula. Nunca nasce o novo, a revolta, a revolução. Nunca vamos além de Karl Marx.

Confesso meus dissabores. Garrafa quebrada no fundo do mar, papel dissolvido... Não jogo ao mar meus escritos em latinhas de Coca-Cola.

João Carlos Faria
19 de agosto de 2025, terça-feira



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog