E não haverá revoluções nos grupos de WhatsApp
Por Joka Faria
O fim de semana se foi, e a madrugada aguarda a classe trabalhadora. Mas já não nos vemos como classe. Como gritar "Trabalhadores do mundo, uni-vos" se todos se acham empreendedores? Igrejas lotadas de almas vazias. E onde estão os comunistas nas ruas? Não, não haverá revoluções nos grupos de WhatsApp. Uma direita que tenta se entender como liberais... São Paulo às escuras.
Encontrei Fernando Pessoa caminhando entre os marginalizados, ao lado de Padre Júlio Lancellotti. Para que servem os partidos políticos? Uma travesti é alvejada na periferia, mas sobrevive. Só quem não sobrevive é a senhorita Esperança. Mas ela sempre se ergue, mesmo após a morte. A senhorita Utopia lhe dá a vida.
Quem caminha pelas madrugadas das grandes cidades vê o desespero dos desabrigados. Que esperança podemos oferecer aos desvalidos? Nas feiras, os preços estão cada vez mais altos. E a questão climática é negada. O agro é tóxico. E nos grupos de WhatsApp, negam-se quaisquer possibilidades de revoluções. Os identitários amarram a liberdade e roubam nossa voz. Estamos todos à margem no capitalismo.
Caminhamos para as urnas sem nenhuma esperança. Bakunin ri cinicamente diante de Karl Marx. “Olê, olá, Lula... Olê, olá, Lula...” O que fazer diante da falta de visão da esquerda? Como reagir? Já estamos no abismo. De onde virá a esperança? Quem construirá novas utopias?
João Carlos Faria
20 de outubro de 2024, Domingo
Comentários
Postar um comentário