Inspirado na leitura do poema "Mais Marginal Impossível" de Quênia Lalita
Joka Faria
Ai, como eu queria ter nascido
mulher.
Seria livre, mesmo com as chatices
das imposições sociais.
Sei das dolorosas cólicas
e do desafio da maternidade.
Mas as mulheres são livres,
sim, livres,
com todos os pesos da carcomida
sociedade patriarcal nas mais diversas
culturas.
Elas são frágeis em seus belos corpos...
Liberdade é estranho...
Mas em relação à imposição de hábitos
e costumes aos homens,
que seres habilmente construídos por um arcanjo
é a mulher!
Viva as mulheres em seu existir e resistir
através da história humana.
Ai, como eu queria ter nascido mulher.
Tenho certeza de que minha alma
é feminina.
João Carlos Faria
Um de agosto de 2024, Inverno
mais marginal impossível
sou filha de Paulo Leminski
e Ana Cristina César:
mais marginal impossível,
com uma pitada cotidiana
do vovô Drummond
– um tanto quanto reclusa,
como a bisa Emily Dickinson.
sou fruto do amor entre
Raul Seixas e Patti Smith,
sem medo da chuva, corro entre cavalos
com uma pitada de niilismo
que a tia Fiona me deu
quando completei quinze anos
– um tanto quanto cansada do infinito,
mas sempre em frente, como o tio Cohen.
sou a besta descrita
por minha irmã Laura Marling;
também sou o abismo que grita,
que levou meu querido Cobain cedo demais;
com pitadas da caneta nanquim de Bill Watterson,
fico monocromática feito a Francesca Woodman
– agora caminho um tanto quanto aliviada,
finalmente adotada por Carl Jung.
quênia lalita
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